Atividade industrial está em recuperação
Em julho, a atividade industrial manteve a trajetória de recuperação, passando a reverter a maior parte da queda acumulada em março e abril e retornando ao patamar pré-pandemia. Faturamento real, horas trabalhadas na produção e Utilização da Capacidade Instalada (UCI) aumentaram pelo terceiro mês consecutivo, segundo a pesquisa Indicadores Industriais da CNI.
O faturamento real aumentou 7,4% em julho, considerando a série dessazonalizada, acumulando alta de 34,5% nos últimos três meses – o faturamento está 1,7% menor que o registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia. As horas trabalhadas na produção aumentaram 4,5% em julho, totalizando alta de 20,9% nos últimos três meses. Mas o total de horas trabalhadas ainda está 7% abaixo do apurado em fevereiro. Por fim, a UCI aumentou 2,9 pontos percentuais em julho, 8,8 pontos percentuais nos últimos três meses, saindo de 66,6% para 75,4%, 3,4 pontos percentuais abaixo do registrado no pré-pandemia, em fevereiro.
O emprego industrial, contudo, segue sem reação. Em julho, o emprego industrial ficou próximo da estabilidade, ao variar apenas 0,2%. A massa salarial e o rendimento médio, por sua vez, caíram na comparação com junho. Na comparação com fevereiro, o emprego industrial acumula queda de 3,5% e a massa salarial, de 6,8%.
Atividade industrial em agosto – A expectativa é de continuidade da recuperação em agosto. A pesquisa Sondagem Industrial da CNI mostra que os empresários apontam alta da produção em agosto, acompanhada, inclusive, de alta no emprego industrial.
Com a alta de 4,6 pontos do mês, o indicador não apenas supera a marca dos 60 pontos – o que aconteceu pela última vez em março – como também se situa mais próximo ao observado em fevereiro, antes dos efeitos da pandemia de COVID-19 sobre a economia, quando estava em 64,7 pontos.
O aumento da confiança reforça as perspectivas de retorno das contratações e de recuperação do investimento, contribuindo para o processo de retomada da economia.
Os índices e pesquisas divulgados no InforMEI têm a coordenação da Gerência Executiva de Economia da CNI.
Brasil avança no Índice Global de Inovação e chega ao 62ª lugar
O Brasil melhorou quatro posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com 2019. Os números de 2020, divulgados no início do mês, mostram que o país passou da 66ª para a 62ª colocação no ranking que abrange 131 países. Os dez mais bem colocados do índice são: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Singapura, Alemanha e Coreia do Sul. Pela primeira vez, dois países asiáticos aparecem no top 10, com a melhora dos sul-coreanos, que passaram da 11ª para a 10ª posição.
A classificação é divulgada anualmente, desde 2007, pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI - WIPO, na sigla em inglês), em parceria com a Universidade de Cornell e a Insead. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), é parceira na produção e divulgação do IGI desde 2017.
Na avaliação da CNI, a melhora do Brasil em relação ao ano passado mostra evolução em alguns indicadores que compõem o ranking, mas não é motivo para comemoração, uma vez que a 62ª posição é incompatível com o fato de o país ser a 9ª maior economia do mundo. De acordo com o IGI, o país subiu no ranking em razão da queda de outros países, pois a pontuação do Brasil caiu quando comparado com ele mesmo em relação ao ano passado. “O Brasil continua numa posição abaixo de seu potencial. Precisamos melhorar o financiamento à inovação, fortalecer parcerias entre governo, setor produtivo e academia, estruturar políticas de longo prazo e priorizar a formação de profissionais qualificados”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Para ele, o Índice Global de Inovação é uma ferramenta imprescindível para comparar o Brasil com os países mais inovadores do mundo.
O IGI vem se tornando a cada ano um instrumento quantitativo mais importante para auxiliar em decisões globais, estimular a atividade inovadora e impulsionar o desenvolvimento econômico e humano. O ranking é composto por 80 indicadores de 30 fontes internacionais públicas e privadas, das quais 58 representam dados concretos, 18 são indicadores compostos e quatro são perguntas de pesquisa. A pontuação em cada um dos indicadores é analisada e comparada entre os países, estabelecendo a posição no ranking para cada indicador, subpilar e pilar. São considerados no cálculo os subíndices "Insumos de Inovação" e "Produtos de Inovação". O Brasil é apenas o quarto colocado na América Latina.
Os dados divulgados revelam que o Brasil aparece somente na quarta posição entre as 37 nações da América Latina e Caribe avaliadas no ranking, ficando atrás do Chile (54º), México (55º) e Costa Rica (56º). A América Latina aparece como uma das regiões mais mal classificadas.
O relatório destaca, ainda, que Brasil, México e Argentina abrigam empresas globais de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e estão entre as primeiras 10 economias de renda média no critério qualidade da inovação. Chile, Uruguai e Brasil, por sua vez, produzem altos níveis de artigos científicos e técnicos, com o Brasil tendo também um impacto em matéria de patentes.
A América Latina também registra um bom desempenho no novo indicador valor de marcas globais: México, Brasil, Colômbia e Argentina são as economias de renda média com melhor desempenho neste indicador, abrigando muito mais marcas valiosas do que se poderia prever em função do nível de suas rendas.
Pandemia afeta a agenda de inovação no mundo
De acordo com o relatório do IGI, a pandemia de Covid-19 está exercendo uma forte pressão sobre os avanços na inovação mundial, fruto de um trabalho de longos anos. O novo coronavírus tende a ser um obstáculo para certas atividades inovadoras enquanto catalisa a inventividade em outros setores, notadamente na área da saúde.
Para a CNI, o papel da inovação se mostra cada vez mais imprescindível diante de um período de incertezas e de retração na economia provocadas pela pandemia. Se de um lado as empresas se veem com possibilidades escassas de investimentos, de outro precisam buscar alternativas para sobreviverem e manterem seus empregados. Daí a necessidade de ser criativo e apostar na inovação como um diferencial para sair mais forte da pandemia.
A indústria e a inovação no Brasil
Para ajudar o país a avançar nessa área tão estratégica para o desenvolvimento econômico e social, a CNI tem realizado nos últimos anos diversas parcerias com órgãos públicos e centros de pesquisa. A principal iniciativa nesse sentido é coordenar a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), que tem como objetivo principal incentivar as empresas a colocarem a CT&I no centro de suas estratégicas de negócios.
A MEI tem desempenhado papel fundamental na integração dos setores públicos e privado e das universidades em torno de uma agenda consistente de inovação, que contemple o aprimoramento do marco regulatório da inovação, a modernização do sistema de financiamento do setor e a reestruturação dos currículos de engenharia, entre outras prioridades. A CNI mantém também uma importante rede de institutos de inovação e tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que ajudam indústrias de todo o Brasil a inovarem.
Outra importante iniciativa em prol da inovação foi a parceria firmada pela CNI, no começo de julho, com o SOSA – plataforma israelense que tem atuação global em inovação aberta. O acordo prevê a integração de empresas e startups brasileiras e internacionais, por meio da inovação e da transformação digital, com soluções tecnológicas avançadas e modelos inovadores.
As informações são da Agência CNI da Notícias.