Uma pesquisa recém-divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que ouviu 500 executivos de grandes e médias empresas, mostrou que 80% deles decidiram inovar na pandemia, obtendo aumento de lucro e de produtividade. Trata-se de resultado expressivo, que corrobora os esforços de longo prazo da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) para a superação, por meio da inovação, do desafio de aumentar a competitividade.
Inovar na crise é imperativo, como demonstra a sondagem. Porém, manter o ritmo e fazer da inovação a principal estratégia de desenvolvimento do país depende de estruturação e de investimentos constantes. Algo que ainda está por ser feito, conforme mostra a mesma pesquisa, na qual 50% dos participantes disseram não possuir área específica para cuidar do tema e somente 37% reservam recursos orçamentários para essa finalidade.
Do ponto de vista da necessidade de recursos, é preocupante a situação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), cujo orçamento, em 2020, chegou a R$ 7 bilhões. Desse valor, menos de R$ 1 bilhão foi investido em projetos não reembolsáveis em instituições de pesquisa e empresas. Neste ano, o cenário não é diferente, uma vez que, de R$ 3,6 bilhões previstos para esse tipo de projeto, apenas R$ 915 milhões foram autorizados.
Ainda nessa linha, no início de outubro, o Congresso Nacional remanejou mais de R$ 600 milhões do Orçamento que seriam destinados ao financiamento de pesquisas e transferiu os recursos para aplicações em outras áreas de sete ministérios. O pedido de redistribuição da dotação orçamentária foi feito pelo Ministério da Economia e desagradou entidades ligadas à ciência, tecnologia e inovação, que contavam com as verbas para o desenvolvimento de projetos.
Em ações articuladas com outras instituições e com o setor empresarial, a CNI e a MEI seguem trabalhando para que o Fundo seja, enfim, integralmente aplicado na função para a qual foi criado: promover pesquisa e inovação.
Mesmo diante desse momento ímpar de crise, cientes do caminho a percorrer e comprometidos com a difusão da cultura inovadora, fizemos o lançamento virtual do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, correalizado pela CNI e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Estamos orgulhosos de fazer deste evento um dos maiores e mais importantes da América Latina, ao longo dos anos de sua realização.
O Congresso é uma de muitas iniciativas da MEI em que lideranças da indústria, da academia e do governo, no Brasil e no exterior, debatem os principais temas relacionados à inovação, ciência e tecnologia em favor da competitividade. Numa economia em franca transformação pela nova revolução industrial, marcada pela digitalização e pelo surgimento de inovações disruptivas em ciclos cada vez mais acelerados, esse tipo de fórum proporciona acesso a informações qualificadas e a profissionais que são referência em áreas estratégicas. Além disso, possibilita uma maior interação entre os diferentes agentes do ecossistema de CT&I, fortalecendo a cultura da inovação que tanto defendemos.
É gratificante poder contar com uma audiência ampliada pelo uso das tecnologias remotas e ter a certeza de podermos oferecer à sociedade e à indústria brasileira, de todos os portes, uma experiência singular.
No lançamento, debatemos sobre o “Brasil que compete globalmente”, com a participação de empresas inovadoras que nos posicionam no mercado internacional de forma condizente com o potencial do país, como Embraer, Natura, Klabin e Aya Tech. Em seguida, recebemos especialistas de cada continente que falaram sobre como a inovação pode unir o mundo daqui para a frente, na busca por soluções para os grandes desafios globais, a partir das experiências de enfrentamento à pandemia de covid-19. Por fim, contamos com uma palestra inspiradora de Steve Wozniak, cofundador da Apple, sobre como a ciência e a tecnologia podem melhorar a vida das pessoas.
O lançamento virtual do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria é uma prévia do evento marcado para 9 e 10 de março do ano que vem, de forma híbrida, virtual e presencial, em São Paulo. Em meio a um cenário de tantas incertezas, nos motiva mostrar a inovação como norte para o reposicionamento do Brasil como um país de fato competitivo.