Chegamos ao fim de mais um ano com resultados notáveis na agenda do desenvolvimento tecnológico conduzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Diversas ações nessa área tiveram impactos positivos na indústria brasileira e contribuíram para a superação da crise provocada pela pandemia da covid-19.
O Brasil precisa dar a devida atenção à ciência, à tecnologia e à inovação (CT&I). Nossa expectativa é que a inovação seja parte estratégica das ações do Estado para promover o crescimento econômico e social. O país necessita de uma política de longo prazo de CT&I e da destinação contínua e robusta de recursos financeiros para a pesquisa.
Estudo recente encomendado pela CNI confirma que a inovação é muito relevante para o setor produtivo. A sondagem, que ouviu 500 executivos de médias e grandes empresas, revela que 80% das indústrias inovaram na pandemia e registraram aumentos nos lucros, na produtividade e na competitividade.
O Índice Global de Inovação, do qual a CNI é parceira na divulgação, indica que o Brasil avançou do 62º para o 57º lugar no ranking que analisa a atividade inovadora de 132 países. Mesmo assim, ainda estamos 10 postos abaixo da 47ª colocação obtida em 2011, quando alcançamos nossa melhor marca.
Para estimular a inovação nas empresas, a CNI vem consolidando a parceria iniciada em 2020 com o SOSA, empresa de atuação global em inovação aberta. Em 2021, desenvolvemos projetos com grandes expoentes do ecossistema brasileiro, como Natura, Suzano e Klabin.
Os frutos das iniciativas, que colocam as indústrias em operação no Brasil em contato com o que há de mais avançado em tecnologia e inovação no mundo, são significativos. A parceria CNI-SOSA vem promovendo a inovação aberta como estratégia competitiva, pois esse é o caminho mais rápido e eficaz para que indústrias de todos os portes e de diversos setores se insiram nas cadeias globais de valor.
Ainda neste ano, lançamos o 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria. O evento virtual foi um sucesso e teve como destaque a palestra do cofundador da Apple, Steve Wozniak. O Congresso de Inovação será realizado em 9 e 10 de março de 2022, em formato híbrido, e deverá reunir, em São Paulo, mais de mil empresários, especialistas e palestrantes. Toda a programação será transmitida ao vivo.
A MEI avançou nas propostas de reformulação dos currículos de engenharia, na elaboração de projetos e sugestões para CT&I, e na agenda que visa o aperfeiçoamento das políticas públicas e o incentivo à inovação nas empresas. Também criou dois grupos de trabalho estratégicos: o GT de Educação Profissional e Tecnológica e o GT Indicadores de Inovação, que se juntam aos GTs de Investimento em Inovação e de Engenharias-STEAM.
Realizamos, ainda, duas imersões virtuais e ao vivo aos ecossistemas de inovação de Israel e dos Estados Unidos. As ações aproximaram atores do nosso ecossistema, especialistas internacionais, empresas estrangeiras e instituições que atuam com inovação nos dois países, que são referências mundiais em desenvolvimento tecnológico.
Atuamos junto ao Poder Legislativo, contribuindo para a aprovação de proposições importantes, como o Marco Legal das Startups e a Lei Complementar 177/2021, que proíbe o contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal instrumento para o financiamento à inovação do país.
O orçamento deste ano não previu a liberação total dos recursos e quase todo o dinheiro do fundo ficou bloqueado. Por isso, continuaremos trabalhando para que, em 2022, seja possível usar integralmente os recursos do FNDCT para pesquisa e inovação, como prevê a lei.
Participamos ativamente do Conselho Diretor do FNDCT, de Comitês Temáticos dos Fundos Setoriais, do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e de quatro comissões do CCT. Nosso objetivo é articular uma política de longo prazo para CT&I, que tenha a participação do setor empresarial nos processos decisórios, além de consolidar e regulamentar o Sistema Nacional de CT&I. Trabalhamos para assegurar que o investimento público e privado em P&D alcance, no mínimo, 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 2022 prosseguiremos com a meta de fazer do Brasil um país inovador e competitivo. Para isso, vamos atuar pelo aumento dos investimentos em inovação, que são fundamentais para fortalecer as empresas, garantir o crescimento sustentado da economia e melhorar a qualidade de vida da população.
* Robson Braga de Andrade é empresário e presidente Confederação Nacional da Indústria (CNI)