InforMEI – A crise causada pela pandemia do novo coronavírus exigiu respostas rápidas de governos, empresas, laboratórios, institutos de pesquisa e outras instituições. Quais ações foram tomadas pela EMBRAPII de enfrentamento à Covid-19 no que diz respeito ao apoio a empresas de base tecnológica?
Jorge Guimarães – Tão logo constatados os primeiros casos da pandemia no Brasil, a EMBRAPII tomou medidas imediatas, estimulando nossas unidades a prospectarem com empresas já clientes e outras, a contratação de projetos de P&D industrial para o enfrentamento imediato da propagação e infectuosidade do novo coronavírus e bem assim do desenvolvimento de projetos com vistas à produção de equipamentos e outros produtos para os pacientes já hospitalizados com diagnóstico da Covid-19. Para isso, a EMBRAPII flexibilizou as regras de financiamento, possibilitando que o setor produtivo contasse com fontes de recursos rapidamente e mais robustas no desenvolvimento de projetos que tenham relação com a Covid-19. Iniciativa importante e também ágil foi a criação de Unidades Emergenciais EMBRAPII para atuarem na crise no formato de Carta-Convite e/ou Encomenda Tecnológica. Por esse mecanismo foi credenciado o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), um spin off da FIOCRUZ para produção dos kits para testes do novo coronavírus.
No total, até agora, estão sendo financiados 45 projetos próprios da EMBRAPII e também em parceria com SEBRAE, ABDI e SENAI. Entre os projetos estão equipamentos médicos e hospitalares, como os respiradores, EPIs, um modelo de “pulmão artificial” para oxigenação extracorpórea, máscaras de proteção facial, suportes mecânicos, produtos sanitizantes, camas inteligentes que monitoram diversos indicadores da saúde dos pacientes na emergência e nas UTIs, entre outros. Neste setor da saúde, as Unidades EMBRAPII já contavam com forte atuação no desenvolvimento de equipamentos com diversas empresas. Já no setor biológico para produção de kits de diagnóstico, vacinas e produtos biológicos qualificados como os biofármacos, nos ressentimos da enorme ausência da indústria farmacêutica no desenvolvimento de projetos com nossas unidades.
O investimento total nestes 45 projetos soma R$ 34 milhões, sendo R$ 13 milhões de recursos de reserva da EMBRAPII, para cobrir ações de enfrentamento da Covid-19. Estas são áreas que envolvem a produção de kits de diagnóstico, anticorpos monoclonais e vacinas, tecnologias que, sabidamente, o Brasil encontra-se bastante fragilizado como vem mostrando a progressão da pandemia.
InforMEI – De que forma a EMBRAPII tem se preparado para atuar no pós-crise, visando à retomada de crescimento da economia?
Jorge Guimarães – A dimensão da pandemia tem mostrado que os países, em sua grande maioria, não estavam preparados para possibilitar um atendimento adequado para a exponencial expansão da Covid-19. Esse despreparo se situa não apenas na rápida saturação da estrutura hospitalar, mas sobretudo na disponibilidade dos equipamentos de socorro mais imediato aos seus próprios pacientes, não sobrando possibilidade de atender demandas de terceiros, mesmo entre países amigos. Uma das principais lições é que cada país precisa desenvolver seus próprios instrumentos, desde os mais simples como as máscaras até aqueles que demandam mais elaboração tecnológica para enfrentar a emergência.
Na pandemia, a EMBRAPII apoiou a nacionalização de tecnologias e equipamentos essenciais ao tratamento de casos graves da doença, como os respiradores. A crise global tornou evidente a necessidade de não depender da produção e da logística de distribuição internacional, não somente na área de saúde. Os efeitos da crise econômica, com falta de peças e componentes, chegaram antes que o próprio coronavírus ao país. A indústria passou a questionar a dependência de alguns poucos fabricantes globais e deve ampliar o número de fornecedores em breve. O Brasil tem competência industrial para produzir em escala os insumos e produtos demandados e as Unidades EMBRAPII estão aptas para apoiar a indústria a inovar e a criar tecnologias locais, diminuindo os gargalos.
Certamente, a pandemia deixará como marca a advertência de que os países devem estar melhor preparados em educação e C&T para o enfrentamento de possíveis novas crises que se originem aqui ou ali. A situação que estamos vivenciando em função da pandemia mostra claramente tal necessidade que pode ser facilmente perceptível na proteção à saúde e, em especial, no segmento farmacêutico, onde importamos quase todos os insumos e não produzimos medicamentos modernos como os biofármacos, por exemplo.
Em parceria com o MCTI, a EMBRAPII planeja ações para retomada econômica, com foco estratégico em startups, nacionalização de componentes e que envolvam toda a cadeia produtiva. No pós-Covid, acreditamos que as soluções tecnológicas devem ser cada vez mais colaborativas, seja por empresas concorrentes ou por integrantes da cadeia produtiva. Este modelo traz múltiplas vantagens: divisão de esforços, compartilhamento de conhecimento, redução de custos e riscos em um âmbito pré-competitivo.
Com essa percepção, estamos projetando atuar na pós-Covid em várias frentes destacando grande foco nas médias e pequenas empresas, aí incluídas as startups, priorizando: apoio substancial e mais completo; fortalecimento de cadeias produtivas de empresas; apoio a projetos para produção de componentes e insumos nacionais; estímulo ao desenvolvimento de projetos com ênfase em tecnologias do futuro; lançamento em conjunto com o MCTI de Redes compostas por Unidades EMBRAPII.
No que respeita às startups, o plano é adotar um ciclo completo de apoio a tais iniciativas, indo além do modelo que adotamos atualmente, objetivando o desenvolvimento de projetos e obtenção de produtos, em toda a faixa de demanda operacional: prova de conceito, produção de lote piloto, certificação, homologação oficial, custo de registro, PI, incubação e aceleração de startups. Neste item, temos como fontes de recursos os Programas Rota 2030, PPI de IOT e Manufatura 4.0 e SEBRAE; inserção das startups nas demais ações planejadas, mencionadas a seguir;
Para fortalecimento das cadeias produtivas de empresas: aumentar percentual de fomento EMBRAPII para empresas pequenas, médias e startups; fomentar projetos colaborativos entre empresas de diferentes portes.
No caso do apoio a projetos que visem à produção de componentes e insumos nacionais: fortalecimento da cadeia de empresas interessadas no desenvolvimento de projetos para componentes e insumos nacionais a serem incorporados nos processos e produtos desenvolvidos, cobrindo os setores de saúde, agroindústria e alimentos, mineração, cosméticos, farmo-químicos e insumos farmacêuticos, mobilidade e logística, construção civil e sustentabilidade; destaque ao esforço de apoio a projetos colaborativos entre empresas. No contexto dessa programação, destaque-se o papel relevante do financiamento especial pela EMBRAPII dos recursos dos Programas Rota 2030 para mobilidade e logística com uma conceituação mais ampliada e PPI cobrindo Manufatura 4.0 e IoT, com foco em saúde, cidades inteligentes e agroindústria.
Estímulo ao desenvolvimento de projetos com ênfase em tecnologias do futuro, dando especial ênfase a projetos nas tecnologias habilitadoras: IA, IOT, materiais avançados, nano e biotecnologia, robótica e sustentabilidade com amplo espectro de aplicabilidades.
Lançamento de redes: estão também planejados o lançamento, juntamente com o MCTI, da Rede de Inteligência Artificial (RIA) composta por várias Unidades EMBRAPII, formatando a maior rede no Brasil dessas tecnologias. Outra iniciativa neste sentido será o lançamento, também com o MCTI, da Rede de Mobilidade e Logística que incorpora várias Unidades EMBRAPII operando no modelo Rota 2030.
Parte dos avanços nessas temáticas vai requerer o credenciamento de novas Unidades EMBRAPII para dar cobertura em áreas com cobertura deficitária para P&D no Brasil e que, por isso mesmo, implicam em expressivo déficit na balança de pagamentos como química, nanotecnologia e biotecnologia.
Para que mais empresas conheçam a EMBRAPII e possam se beneficiar com o modelo operacional, passamos a promover os eventos “EMBRAPII Day” de forma online. O encontro virtual aproxima as empresas das nossas Unidades EMBRAPII capazes de atender suas demandas tecnológicas.
InforMEI – Recentemente, na última reunião da MEI com a Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação, o senador Izalci Lucas ressaltou a importância da garantia de repasse de recursos à EMBRAPII. Qual o impacto que a questão orçamentária pode causar no histórico de bons resultados apresentados até hoje pela EMBRAPII?
Jorge Guimarães – Tendo iniciado suas atividades há apenas seis anos, o modelo operacional ágil, flexível e sem burocracia da EMBRAPII atraiu de imediato o interesse das empresas industriais, consolidando-a como uma das principais instituições do ecossistema de inovação do Brasil, contribuindo para fortalecer a competitividade da indústria nacional. Entretanto, a EMBRAPII não recebeu em 2019 a totalidade dos recursos orçamentários previstos em seu Contrato de Gestão. Por essa razão, o entendimento da Frente Parlamentar da relevância do trabalho da EMBRAPII e, em especial, o empenho do senador Izalci Lucas, tem sido auspicioso na garantia de recursos provenientes de emendas parlamentares para a continuidade das atividades futuras da EMBRAPII de forma tempestiva. Ainda assim, 646 empresas desenvolveram ou desenvolvem 947 projetos de pesquisa aplicada e inovação, correspondendo a um investimento total de R$ 1,5 bilhão, sendo um terço financiado pela EMBRAPII como recursos não reembolsáveis provenientes do Contrato de Gestão com MCTI. Como 98% dos recursos repassados à EMBRAPII são aplicados diretamente nos projetos, isto significa que um aporte médio de cerca de R$ 80 milhões tem sido o volume orçamentário anual da Associação, o que tem se mostrado insuficiente para a grande demanda por financiamento à inovação promovido pela EMBRAPII, que atua com um modelo operacional que tem recebido total reconhecimento do setor industrial com matérias totalmente positivas na mídia. Destaque-se que a demanda por novas tecnologias é crescente e, na retomada econômica, ficará mais evidente a importância da inovação para promover a capacidade produtiva da nossa indústria. Foi neste contexto a intervenção do senador Izalci Lucas na reunião da MEI, ressaltando a importância da garantia, pelos ministérios, dos repasses financeiros adequados à EMBRAPII face aos seus reconhecidos resultados no fomento à inovação industrial no Brasil. Em especial, o senador se referia à necessidade de o MCTI repassar à EMBRAPII, o quanto antes, o montante de R$ 47,8 milhões oriundos de emenda de autoria de um grupo de parlamentares, juntamente com o Relator do Orçamento de 2020. Se liberados os recursos previstos no orçamento (R$ 49 milhões) e mais os recursos da emenda orçamentária, a Associação irá dispor de um total de R$ 96,8 milhões para fomentar a inovação este ano nos projetos das suas 56 unidades com as empresas. Todavia, já entrados no mês de junho, nenhum recurso foi ainda recebido pela EMBRAPII no corrente ano.
InforMEI – Criada em 2013, a EMBRAPII chegou como um modelo inédito de financiamento e apoio a projetos de inovação de empresas de todos os portes. O que o modelo EMBRAPII traz de diferencial e benefícios a empresas que decidem investir em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação?
Jorge Guimarães – A EMBRAPII foi concebida no seio da MEI como Associação privada, sem fins lucrativos, tendo tido, desde o começo, o apoio estratégico de dirigentes de empresas inovadoras e dos diversos segmentos representados por pessoas da sociedade civil e autoridades governamentais que participam desse ambiente de discussão de temas de inovação. Sua concepção foi inspirada nos institutos da Sociedade Fraunhofer da Alemanha e o modelo operacional adaptado às características e condições funcionais das relações academia-empresa no Brasil, onde grande número de empresas, por razões diversas, não possui seus próprios centros de P&D.
A associação tornada Organização Social pelo Governo Federal em 2014 se mantém fiel às suas origens tendo alcançado grande sucesso ao longo desses poucos anos de existência no financiamento de projetos de P&D e inovação industrial.
Entre as diversas agências de financiamento à pesquisa no Brasil, a EMBRAPII, com seis anos de atuação, é a caçula do sistema. Concebida para atuar de maneira distinta no fomento à pesquisa aplicada e inovação industrial, a EMBRAPII adotou, desde o começo de sua operação no início de 2015, uma linha de atuação que buscou explorar lacunas do sistema pré-existente, oferecendo: centros de P&D (Unidades EMBRAPII) pré-selecionados em processo competitivo, por suas competências para desenvolver projetos de inovação industrial demandados pelas empresas; um modelo sem edital de chamadas de empresas e sem intermediação direta da EMBRAPII; financiamento com recursos não reembolsáveis e com características de recursos privados, eliminando os conhecidos entraves da aplicabilidade de recursos públicos; oferecimento de mecanismos de cooperação com empresas e organismos internacionais para desenvolvimento de projetos conjuntos, gerando perspectivas de internacionalização de empresas brasileiras.
Completando a funcionalidade do modelo EMBRAPII, acrescente-se as seguintes características operacionais: agilidade decisória, flexibilidade na solução de entraves técnicos ou administrativos e ausência de burocracia. A tramitação e aprovação dos processos que visam ao apoio à inovação precisam ser decididas com eficiência, segurança tecnológica e jurídica sem, contudo, deixar de observar princípios consagrados de impessoalidade, transparência e economicidade – segundo uma política de compliance definida pelos gestores. No curto período de operação da EMBRAPII, essas características têm mostrado ser um atrativo especial para as empresas e daí o crescimento do portfólio da EMBRAPII. No caso das emergências, como ocorre agora com a pandemia da Covid-19, tais características são ainda mais necessárias. Cada componente oferece vantagens e benefícios requeridos para inovação e constituem atrativos apreciados pelas empresas e, no conjunto constituem o diferencial operacional da EMBRAPII.
InforMEI – Olhando para o futuro, quais os planos de expansão da Rede de Unidades EMBRAPII no Brasil?
Jorge Guimarães – Em seu primeiro ciclo operacional, a EMBRAPII chegaria a 44 Unidades. Todavia, três dessas unidades foram descredenciadas por não cumprirem os Planos de Ação aprovados pela Associação.
No começo de 2020, após dois anos sem credenciar novas Unidades, foram lançadas três Chamadas Públicas: i) três Institutos SENAI de Inovação (ISI) foram selecionados e passaram a integrar a Rede EMBRAPII. Importante parceiro da indústria no desafio da inovação, o SENAI tem agora 15 ISIs credenciados como Unidades EMBRAPII. As áreas de competência agora selecionadas (Química Verde, Biossintéticos e Fibras, Materiais Avançados) têm alta demanda por inovação e mercado global francamente favorável. Tal circunstância possibilita à indústria brasileira desses setores explorar vantagens comparativas e contribuir com o aumento da disponibilidade de produtos sustentáveis de padrão internacional, seja pela melhoria de processos ou pelo desenvolvimento de novas tecnologias; ii) com recursos do Ministério da Educação foram também credenciadas 11 novas Unidades EMBRAPII em Universidades Federais cobrindo importantes setores industriais como agronegócios e novos materiais; iii) está em curso Chamada para selecionar três ou quatro grupos de pesquisa aplicada em Institutos Federais do MEC.
Haverá, ainda no segundo semestre, chamada para selecionar Unidades em mobilidade e logística com recursos do Programa Rota 2030. Há sempre a expectativa de abrirmos chamada na área de biotecnologia na saúde, usando recursos já empenhados, mas ainda não liberados pelo Ministério da Saúde. A ênfase na chamada neste segmento objetiva atrair para o modelo EMBRAPII a ainda ausente indústria farmacêutica oferecendo a este importante e estratégico setor explorar as inúmeras vantagens do modelo.
InforMEI – No início de maio, foi anunciada uma parceria inédita da CNI com o SOSA – principal plataforma global de inovação, que conecta empresas, governos e cidades a tecnologias e ecossistemas inovadores, dando acesso a fontes globais de tecnologias disruptivas. Como essa parceria pode catapultar startups brasileiras ao mercado global a EMBRAPII pode apoiá-las do ponto de vista de possíveis parcerias internacionais?
Jorge Guimarães – As startups estão na linha de frente das iniciativas da EMBRAPII já neste corrente ano. A associação vem apoiando diversos projetos de startups brasileiras, dentro da parceria com o Sebrae, e também por meio de linhas específicas no Programa de IoT/Manufatura 4.0. Tais projetos são desenvolvidos com as startups instaladas dentro das Unidades EMBRAPII, capacitadas e equipadas com instrumental moderno e dotadas de dezenas e até centenas de pesquisadores experientes em projetos de PD&I, o que oferece oportunidades únicas para amadurecimento tecnológico e de empreendedorismo para esses pequenos empreendedores. A perspectiva de colaboração com empresas estrangeiras visa aproximar ainda mais as startups de empresas já estabelecidas, permite a transferência de conhecimento e potencializa a competitividade industrial brasileira, uma vez que se abre outros mercados aos empreendedores brasileiros e estrangeiros. As parcerias empresariais internacionais permitem, também, acesso a conhecimento de vanguarda e a renovação e seus processos internos. Nesse sentido, a EMBRAPII tem firmado uma série de acordos de cooperação com importantes agências internacionais para fomentar projetos de PD&I entre startups e empresas brasileiras com startups e empresas estrangeiras. As principais instituições como Manufacturing USA, IAA (Agência de Inovação de Israel), Inova UK, Innosuisse, Vinnova (Suécia) e outros trazem valiosas oportunidades de internacionalização para as empresas nacionais.
A iniciativa da CNI de unir-se ao SOSA tem grande sinergia com a estratégia da EMBRAPII em promover a internacionalização de empresas brasileiras por meio da cooperação técnico-científica. É uma excelente ação e, com certeza, trará grandes efeitos ao ecossistema de inovação brasileiro e à própria EMBRAPII.
InforMEI – A MEI e a CNI têm uma clara convicção: a de que a superação de crises, bem como a retomada de crescimento econômico só são possíveis via inovação. Na sua opinião, o que ainda é preciso ser feito para fazer da inovação uma agenda de país, a exemplo de outras economias que temos como referência nessa área?
Jorge Guimarães – A competitividade da indústria passa pela inovação, que possibilita o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado e a otimização de processos industriais, e a crise oferece um permanente convite à inovação em suas mais diversas dimensões. A EMBRAPII tem se consolidado como uma das principais instituições do ecossistema de inovação do Brasil, buscando contribuir para elevar o país no ranking dos mais inovadores e atuando pela geração de uma indústria mais competitiva. Até mesmo neste período de quarentena, nossas ações seguiram ativas. Criamos espaço e adotamos iniciativas para atuar com mais intensidade no fomento à inovação industrial, conforme amplamente destacado pela mídia.
As políticas públicas devem ser estratégicas e, na oportunidade da retomada do crescimento econômico, fomentar a inovação como motor do desenvolvimento econômico e social do país. Essa ação requer pronta e eficiente parceria governo-empresa, o que requer, por sua vez, eleição de prioridades, o que tem sido o ponto mais frágil do ecossistema. Para eleger prioridades é requerido identificar e tomar decisões para combater as fragilidades, desenhando projetos mobilizadores para financiamento compartilhado com o setor industrial. Diga-se de passagem, não são poucos os setores fragilizados no Brasil que poderiam ensejar iniciativas mobilizadoras, como no caso já citado do deficitário segmento farmacêutico e da indústria química, ambos com gigantesco déficit na balança de pagamentos.
O ganho do governo em ações de financiamento compartilhado, como faz a EMBRAPII, tem como substrato a certeza de que a inovação industrial vai gerar frutos altamente significativos para a sociedade: impostos para o próprio governo, aumento da renda, patentes, nacionalização de tecnologias, retenção de cérebros, empregos qualificados, redução do déficit na balança de pagamentos, tudo isso movimentando a economia e aumentando a competitividade das empresas. Alegar por acaso que isso não aconteceu no passado, é esquecer os exemplos da Embraer, do agronegócio brasileiro, da descoberta e exploração do pré-sal, da produção de nióbio e tantos outros. O que de fato ocorreu até agora foi uma visível falta de prioridade para o fomento à inovação. A EMBRAPII e toda sua rede de quase 60 Unidades vão continuar somando esforços para ajudar a preparar nossa indústria para o desafio de uma economia global cada vez mais dinâmica e centrada em conhecimento.