InforMEI – A pandemia impôs à indústria desafios sem precedentes. Como a SAP tem lidado com a necessidade de mudanças e, nesse sentido, como a capacidade de inovação da empresa contribuiu para apresentar soluções rápidas à sociedade?
Cristina Palmaka –Esse novo momento trouxe uma série de desafios, mas a nossa adaptação foi rápida, em grande parte pela natureza do negócio. A tecnologia foi essencial para apoiar nosso time na transição para o trabalho remoto e para acompanhar as mudanças de mercado sem deixar de atender aos clientes. O conceito de Empresas Inteligentes nos guia para uma atuação inovadora e com foco na Gestão da Experiência, que enxergamos como um grande drive para o mercado em geral. A ideia é integrar tecnologias inteligentes aos negócios dos nossos clientes e impulsionar a transformação digital para que essas empresas sejam mais resilientes e prontas para enfrentar momentos de instabilidade.
InforMEI –A crise traz desafios, mas também apresenta oportunidades. Recentemente, a SAP Brasil divulgou crescimento de contratos de digitalização de supply chain e implementação de soluções em gestão de experiência do cliente, força de trabalho e de dados. Quão estratégico é investir em inovação em um momento tão crítico como o que estamos vivendo em escala global?
Cristina Palmaka – Investir em inovação é essencial e a crise nos mostrou isso. Vimos uma aceleração da transformação digital nas empresas nos últimos meses, o que deixa claro a importância da tecnologia em qualquer setor. Inovar, pensar em novas maneiras de integração de dados, customização de soluções são alguns dos pontos que direcionam o trabalho da SAP. Enxergamos um potencial imenso para ganho de produtividade, otimização de processos, tomadas de decisão mais assertivas. E essas são apenas algumas formas de apoiar a operação, trazer agilidade e ajudar efetivamente as empresas a se adaptarem à nova realidade de negócios.
InforMEI –Quais serão os principais desafios na sua nova missão como Presidente da SAP América Latina e Caribe?
Cristina Palmaka – Foram 7 anos de SAP Brasil e agora vou administrar uma organização com 5 mil funcionários distribuídos por quatro unidades: Brasil; México; região Norte, que reúne países como Colômbia e Venezuela, além da América Central; e Sul, que engloba Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Cabe a mim acelerar na estratégia de Empresa Inteligente preconizada pela SAP, bem como na integração das soluções. Em tempos de pandemia, vamos dar suporte às empresas latino-americanas na missão de garantir a continuidade dos negócios e de fazer com que saiam melhor preparadas para o ambiente de negócios que virá depois.
InforMEI –A SAP é reconhecida como uma das empresas mais inovadoras do mundo. Na sua visão, como a MEI, enquanto principal fórum de diálogo entre o setor produtivo e o governo, pode se inspirar globalmente em iniciativas que possam aprimorar e fortalecer nosso ecossistema de inovação, a fim de ampliarmos cada vez mais os investimentos em P&D no Brasil?
Cristina Palmaka – A inovação deve ser uma constante para as empresas que buscam se diferenciar da concorrência e criar novos produtos e serviços. Não é diferente para governos e está claro que é a digitalização de processos, a profissionalização da gestão pública e o investimento em P&D que farão a prestação dos serviços públicos mais efetivos. Também precisamos ter no radar que não há uma ou outra tecnologia especifica que possa ser indicada como a mais adequada para liderar processos de inovação e aqui, novamente, vale para empresas, instituições e governo. O que é necessário é pensar como a automatização dos processos com o uso de dados massivos (big data) torna os processos mais ágeis na hora de tomar decisões, contribuem para transparência e compliance dos processos. A crise da Covid-19 mostrou o quanto as bases de dados e processos de inteligência em sua atualização são fundamentais para dar eficiência e basear ações assertivas – isso vale para mapear os possíveis focos de contaminação, mas também para que o processo de compras de suprimentos seja mais eficiente e econômico, para que a logística de distribuição dos insumos em um pais continental como o Brasil funcione com inteligência.
InforMEI –A inovação aberta e colaborativa está muito presente na SAP, inclusive por meio de programas destinados a startups. Quão importante é para a empresa e quais as principais vantagens em estimular a inovação aberta tanto no Brasil, quanto globalmente?
Cristina Palmaka – Um dos nossos principais canais de inovação é o SAP Labs Latin America, localizado em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, com uma operação voltada para o desenvolvimento de aplicações e serviços de suporte para as Américas. Com um time voltado para pesquisa e desenvolvimento, ganhamos fôlego para manter a atualização das nossas soluções de ponta a ponta. A coinovação também é muito presente. Atuamos em conjunto com nossos clientes, universidades e parceiros para buscar novos caminhos de inovação. A SAP está em um mercado onde a inovação é parte no nosso DNA e damos foco para o desenvolvimento constante da nossa equipe, para o aprendizado e identificação de oportunidades no intuito de aprimorar ainda mais todas as habilidades necessárias para um negócio sustentável.
InforMEI –Recentemente, a CNI fez o lançamento de parceria inédita com o SOSA – empresa global de inovação aberta –, que oferecerá às indústrias brasileiras oportunidades de acessar tecnologia de ponta e responder a desafios com maior rapidez, além de projetar startups brasileiras ao mercado global. Na sua opinião, como essa parceria pode influenciar o nosso ecossistema de inovação?
Cristina Palmaka – Esta é realmente uma iniciativa muito positiva, pois cria mais uma oportunidade para que as empresas brasileiras de todos os tamanhos possam inovar através de novos hubs. Acredito na capacidade de desenvolvimento tecnológico e econômico do país, principalmente na adoção de novas tecnologias rumo à transformação digital. Sabemos como isso é fundamental, pois ao longo dos últimos 14 anos construímos e expandimos o nosso SAP Labs. Estamos indo para a terceira fase de ampliação desse centro e sentimos o tamanho do impacto que as parcerias podem ter num ecossistema.
InforMEI –Com foco no pós-pandemia e na retomada de crescimento, como a SAP tem se preparado para enfrentar questões como sustentabilidade, relações de consumo e de trabalho, além de impacto social?
Cristina Palmaka – Quando falamos de Empresas Inteligentes e Economia da Experiência, temos uma abordagem ampla, incluindo frentes sociais, ambientais, de governança e diversidade. Impulsionar a produtividade, lucratividade e otimização de processo também envolve repensar quais são os caminhos para alcançar esses resultados. Temos iniciativas voltadas para a promoção da sustentabilidade, com a redução de pegada de carbono, melhoria das condições de trabalho e transição para economia circular. Uma delas, que anunciamos recentemente, é o Climate 21, que apoia nossos clientes em seus objetivos relacionados ao clima, por meio de um trabalho de coinovação para incorporar métricas de sustentabilidade aos seus portfólios, medindo a pegada de carbono.