Uma semana após a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o SENAI-Cimatec apresentou um plano de contingência para garantir a segurança dos funcionários e alunos e a manutenção de atividades em operação. Ao mesmo tempo, a instituição se envolveu em quase uma dúzia de ações relacionadas ao combate à covid-19. Entre elas, a produção de álcool e máscaras, a manutenção de respiradores, a realização de testes PCR para diagnóstico da doença, a modelagem, usando supercomputadores, da proteína que facilita o contágio da célula humana e o desenvolvimento de equipamento para telemedicina. Em outra frente, foi lançada uma chamada para angariar fundos de apoio às iniciativas, conforme forem surgindo.
Em poucos dias, formaram-se duas linhas de produção no Cimatec-Park. A primeira surgiu a partir da demanda do governo baiano para o envasamento de álcool 70%. Foram firmadas nove parcerias: três usinas cederam a matéria-prima, uma empresa transportou o álcool até o Cimatec-Park, outra doou as embalagens PET, uma seguinte imprimiu etiquetas com custo reduzido e maior rapidez, outra forneceu as caixas de papelão para transporte e as duas últimas apoiaram com a distribuição.
“Em 36 horas, montamos uma linha completa de envase de álcool. Fabricamos o tanque, a estrutura metálica para elevá-lo a sete metros, válvulas, canais de distribuição e bombeamento em aço-inox, além do dique para conter eventuais vazamentos. Contratamos também 30 operadores e, por segurança, envolvemos o corpo de bombeiros, que instalou uma unidade de combate a incêndio aqui dentro”, conta Luis Alberto Breda Mascarenhas, diretor de operações do SENAI-Cimatec. Três semanas após o início dos trabalhos, haviam sido envasados 65 mil litros de álcool e o projeto seguia para a segunda fase, de produção do álcool glicerinado, que pode ser utilizado para higiene das mãos.
A mobilização da rede de apoio também permitiu a fabricação de máscaras face shield (escudos que protegem todo o rosto) para equipes da área da saúde. Inicialmente, o modelo tinha como base a impressão em 3D, mas a produção se mostrou lenta. A saída foi aprimorar conceitos a partir do que se viu no mercado. Em menos de uma semana, passaram a entregar 1.300 por dia, produzidas em uma mini-fábrica que inclui corte com navalha em balancim, lixamento das bordas, aplicação dos botões, colocação do elástico, limpeza e embalagem. A máscara é flexível, confortável ao usuário, de fácil manuseio e embalagem, passível de higienização e em condições de ser produzida em várias unidades do SENAI que trabalham com couro e calçados.
Nesses dois casos, o Cimatec-Park foi essencial para aumentar a velocidade e a capacidade de resposta à pandemia. Primeiro, porque reúne equipe qualificada que foi direcionada para as ações emergenciais. Segundo, pois seu ambiente industrial oferece estrutura para fabricação, galpões e espaços amplos e facilmente adaptáveis, além de suporte logístico.
Outra ação viável foi a manutenção de respiradores. As escolas técnicas do SENAI, por sua capilaridade, tornaram-se ponto de apoio logístico, responsáveis pela retirada e devolução dos equipamentos na rede hospitalar. A segunda estratégia foi acionar empresas e instituições que pudessem contribuir em engenharia clínica ou biomédica, bem como nos processos de calibração e certificação. O terceiro desafio tem sido buscar os meios de suprir a falta de peças de reposição para a execução dos trabalhos. Só na Bahia, a expectativa é recolocar em operação entre 120 e 140 equipamentos em até 90 dias.
A iniciativa ganhou projeção nacional. Com o apoio do Departamento Nacional do SENAI, o projeto recebeu a adesão de 20 unidades do SENAI e 15 pontos de grandes empresas, que se juntaram no esforço coletivo batizado de Iniciativa + Manutenção de Respiradores. Em cerca de 15 dias, foram treinados mais de 300 profissionais, entre engenheiros e técnicos do SENAI e das empresas. “Esse processo de formação de rede é fantástico. Às vezes, queremos montar as redes antes de ter os projetos. Mas, nesse caso, criamos um projeto e conseguimos uma forte adesão. Além dos voluntários ‘pessoas físicas’, temos os voluntários ‘pessoas jurídicas’ participando da iniciativa”, destaca Daniel Motta, gerente executivo de PD&I do SENAI-Cimatec.
Para o diretor de operações Luis Alberto Breda Mascarenhas, o sucesso das iniciativas se deve, também, à disposição em dar repostas rápidas e eficientes aos desafios que se impõem: “É muito fácil a gente pensar nas restrições. Mas é preciso perguntar: o que eu faço no dia a dia que pode contribuir? Muitas vezes, a solução está próxima. E, nesse momento especial, há muito por fazer”, conclui.
Para saber mais sobre as iniciativas do SENAI-CIMATEC no enfrentamento ao Covid-19 visite o site.