RESÍDUOS SÓLIDOS
Os resíduos devem ser enxergados bens que possuem valor e uma alternativa no cenário de escassez de recursos naturais
Nas últimas décadas, a gestão de resíduos na indústria privilegiou a eficiência dos processos produtivos e o uso de modernos equipamentos para reduzir sua geração. O reaproveitamento e a reciclagem consolidaram-se no dia-a-dia das empresas.
Iniciativas como a ecoeficiência e a produção mais limpa ganham cada vez mais espaço. Programas que conectam diferentes empresas para a utilização dos resíduos e subprodutos de um setor industrial como insumo para outras cadeias produtivas ganham destaque ao alinhar incentivos econômicos com ambientais.
Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a gestão de resíduos no setor industrial tem a oportunidade de dar um passo adiante. O foco agora é pensar no ciclo de vida dos produtos e embalagens com o objetivo de causar o menor impacto ambiental possível, reduzir custos nas cadeias de produção e atender às exigências legais impostas à performance e ao seu destino final dos objetos.
São desafios que vão muito além do controle dos processos produtivos, emprego de tecnologia avançada e uso de matérias primas e insumos de qualidade. É necessário repensar, de forma sistemática, as atividades da empresa, seus objetivos e metas.
Num contexto de avanço científico e busca incessante pela inovação, as indústrias devem se preocupar com os impactos gerados por seus produtos e serviços disponibilizados no mercado. Uma indústria competitiva que busca ser sustentável deve usar a gestão de seus resíduos como instrumento prognóstico de problemas, demonstração de responsabilidade ambiental e inovação para produtos e processos.
Esse olhar para o futuro implica tratar resíduos não apenas como uma ineficiência de processos que não podem ser eliminados, mas como um recurso que possui valor e pode ser utilizado na indústria numa lógica circular, onde tudo é pensado para ser reaproveitado e reciclado.
O aproveitamento econômico de resíduos, mais do que uma necessidade diante do atual cenário de escassez de recursos naturais, é uma oportunidade para a abertura de novos mercados - como máquinas, equipamentos e embalagens.
O caminho, no entanto, ainda requer uma série de instrumentos fundamentais para a efetiva implementação da gestão de resíduos no país. Muito pouco se avançou na regulamentação da PNRS desde 2010, devido à complexidade, ao conflito de interesses e à dificuldade do setor público no encaminhamento das sugestões apresentadas pelos setores envolvidos.
Algumas das propostas da indústria para a implementação eficiente e efetiva do referido marco legal são:
- criação de regras de simplificação e dispensa de planos de gerenciamento de resíduos sólidos para as micro e pequenas empresas
- instituição de instrumentos econômicos para desoneração e estímulo às cadeias de reciclagem e aos setores produtivos obrigados à logística reversa, incluindo as cooperativas de catadores e empresas terceirizadas de prestação de serviços
Mensagens-chave
Incentivar a criação e expansão de estruturas de logística reversa.
O setor público deve conceder incentivos fiscais, financeiros e de crédito a setores obrigados a ampliar suas estruturas.
Regulamentar e estimular a utilização de recuperação energética.
Essa destinação alternativa para resíduos não recicláveis produz energia barata e demanda regulamentação.
Agenda prioritária 2024
Elaborar documentos técnicos e posicionamentos para subsidiar as ações de defesa de interesses para resíduos sólidos, qualidade ambiental e químicos.
Representar a CNI em colegiados e fóruns ligados aos temas de resíduos sólidos, qualidade ambiental e químicos.
Consolidar a avaliação dos impactos e avanços da Agenda de Resíduos Sólidos.