SEGURANÇA HÍDRICA
A indústria é parte importante no desenvolvimento de
soluções para garantir a segurança hídrica
As indústrias utilizam a água de modo cada vez mais eficiente nos processos produtivos. São investimentos em recirculação de água, sistemas adaptativos de captação e no aproveitamento de efluentes tratados (reúso). Paralelamente, o setor vem direcionando suas inovações para o desenvolvimento de eletrodomésticos, produtos de limpeza, utensílios sanitários e outros bens de consumo que permitam ao consumidor utilizar a água de maneira racional.
A escassez hídrica já afeta muitas regiões do planeta e se agravará nos próximos anos com o crescimento da população mundial, que deve chegar a 8,3 bilhões de pessoas em 2030, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, no entanto, a disponibilidade hídrica de 12% das reservas mundiais (a maior do mundo) não é sinônimo de segurança hídrica.
Com uma distribuição de água desigual ao longo do território, a relação entre oferta e demanda desse recurso dá sinais de desequilíbrio em algumas regiões. Cerca de 80% de toda água disponível se encontra concentrada na Região Hidrográfica Amazônica (Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso), que ocupa 45% do território nacional e onde vive apenas cerca de 9,2% da população brasileira.
A Região Hidrográfica Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná), por sua vez, ocupa 2,5% do território nacional, abriga aproximadamente 47,6% da população brasileira e dispõe de apenas 1,7% de toda água nacional. Diante deste cenário, o desafio da segurança hídrica no país está mais relacionado à gestão do que à disponibilidade do recurso.
O setor de saneamento apresenta o maior déficit histórico entre as áreas de infraestrutura no Brasil. Quase metade da população ainda não é atendida por sistemas de tratamento de esgoto, e aproximadamente 17% não conta com acesso à rede de abastecimento de água.
Além de contribuir para a insegurança hídrica, no que se refere a quantidade (perdas no abastecimento) e qualidade da água (lançamento de esgoto não tratado), essa deficiência de cobertura compromete os ecossistemas, a saúde da população e o desenvolvimento econômico.
A falta de água e sua baixa qualidade afetam o dia a dia da indústria e inibe investimentos. Por isso, o risco hídrico é cada vez mais relevante na estratégia de negócios de diversos setores industriais. Nos últimos anos, os relatórios de riscos do Fórum Econômico Mundial incluíram os riscos relacionados à água entre as maiores ameaças globais.
É estratégico para o país o investimento em soluções colaborativas no gerenciamento das águas que nos permitam abastecer as cidades, gerar energia, produzir alimentos e desenvolver o setor industrial sem que sejam comprometidos os recursos ambientais e os ecossistemas sensíveis. As transformações requeridas para superar o desafio do desenvolvimento sustentável dependem de investimentos públicos e privados, e da ação colaborativa entre os diferentes atores envolvidos na gestão de recursos hídricos do país.
Mensagens-chave
Reduzir o consumo de água na indústria, incentivar o reúso e a recirculação.
Garantir segurança jurídica e incentivos contribui para a menor retirada de água dos mananciais.
Assegurar devida implementação do Plano Nacional de Recursos Hídricos.
Esse é um instrumento estratégico para coordenar as ações de gestão dos recursos e assegurar a segurança hídrica.
Garantir distribuição justa e negociada dos recursos hídricos entre consumidores.
Necessita-se de regra sobre concessão de direitos de uso da água e reconhecimento formal dos acordos.
Cobrar pelo uso de recursos hídricos de forma justa e regulamentada.
É fundamental regulamentar o desembolso para aumentar a eficiência na utilização de água e a receita para gestão.
Agenda prioritária 2024
Acompanhar, articular e influenciar temas de interesse da indústria no âmbito Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e demais colegiados, bem como exercer representação técnica perante os poderes Executivo e Legislativo.
Promover a capacitação dos representantes da indústria no Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos e nos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, tais como planos de recursos hídricos, enquadramento dos corpos de água, outorga e cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Elaborar, em conjunto com Federação de Estado da Indústria, estudo sobre reúso de efluentes – oferta e demanda – para abastecimento industrial.
Produzir documento-base sobre a viabilidade da dessalinização de água doce e salgada.
Realizar o seminário sobre Segurança Hídrica para Indústria de modo a propiciar o desenvolvimento sustentável do setor industrial.
Estudos e análises
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